Arquivo do blog

terça-feira, 25 de abril de 2023

Reforma do Ensino Médio: primeiro como farsa, depois como tragédia.

Foto: Abraão Cruz/TV Globo

Escrito por Mariele Troiano[1] e Sara Freitas[2]

Políticas públicas educacionais têm como objetivo fornecer subsídios para a ampliação do acesso ao ensino. Embora exista uma natureza universalizante no seu modus operandi, políticas educacionais são potentes estratégias de poder por mobilizarem recursos e permitirem parcerias entre setores públicos e privados. Entretanto, nem sempre foi assim. A equação entre universalidade e poder de decisão é atributo da história constitucional recente no país. Foi durante o processo constituinte de 1987-88, especificamente na Subcomissão da Educação, Cultura e Esportes, que o debate sobre a valorização da escola pública veio à tona, contendo demandas que já se manifestavam nas ruas. 

A importância do investimento integral da União para o setor público foi bandeira – quase que isolada – do Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública (Fórum). Em contrapartida, posicionamentos sobre investimentos públicos em escolas privadas advinham de entidades diversas, como, por exemplo, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da Associação Brasileira de Escolas Superiores Católicas (ABESC), da Associação de Educação Católica do Brasil (AEC), da Associação Educativa Evangélica (AEE), da Federação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (FENEN) e do Conselho dos Reitores Universitários do Brasil (CRUB). Esse último grupo, embora compartilhasse o mesmo interesse pelo recurso público aplicado em instituições privadas, continha entidades que divergiam sobre o montante para esse investimento – para algumas, esse deveria ser um investimento parcial; enquanto para outras, esse deveria ser total (COSTA, 2021). Assim, as demandas educacionais fragmentadas sinalizavam que a universalização da educação via escola pública estava longe de ser consenso no projeto democrático em construção.

Essas ações contrastantes das entidades representativas da área de educação podem ser consideradas os principais impulsos para a farsa construída em torno da qualidade do Ensino Médio. Isso se deve ao fato de que, na ausência de uma formulação consensual, a valorização da escola pública acabou sendo reduzida a critérios institucionais e políticos. Ou seja, sem um denominador comum, as definições da potencialidade da escola pública foram entregues aos determinantes das regras do jogo e às habilidades dos líderes partidários de moldarem suas preferências (PILATTI, 2008). Nesse quesito, o debate sobre o ambiente escolar se esvaziou, tornando-se uma possível moeda de troca entre as bancadas partidárias e os cargos de relatorias. A segunda implicação das demandas não consensuais na Constituinte está no fato de que as decisões tomadas demonstraram pactos conciliatórios transitórios entre grupos e setores. Logo, o período pós-constituinte pode significar um conjunto de interesses amortizados e em espera por uma janela de oportunidades (BAUMGARTNER; JONES, 1993).  

Neste interregno da promulgação da Carta até a atualidade, as investidas contra a expansão da escola pública foram múltiplas, ganhando ainda mais fôlego com o estabelecimento do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), criado em 1997 e findado em 2006 e, a posteriori, com o estabelecimento do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), criado em 2007 e em vigência. Em linhas gerais, o Fundeb objetiva ampliar gradativamente os recursos da União para a educação (BRASIL, 2023).

Neste contexto, também podemos incluir os desgastes promovidos pelas divergências substanciais na tríade de documentos que regem a educação brasileira. São elas: a Lei de Diretrizes e Base (LDB), as Diretrizes Nacionais de Educação Básica e o Plano Nacional de Educação (PNE).  

As fases distintas em que cada documento foi pensado, elaborado e aprovado, sustentam os interesses políticos vigentes no período e não a continuidade e a qualidade educacional, colaborando para a construção de pontos divergentes. Os resultados encontrados confirmam a política cíclica que a educação brasileira apresenta desde o início insistente da construção de uma educação democrática que rasteja a décadas no país (MAINARDES, 2006; TRICHES; ARANDA, 2016 apud PERTUZATTI; DICKMANN, 2019).

O anúncio da tragédia da reforma do Ensino Médio acontece de modo mais explícito com o projeto de Lei nº 6840/2013 do deputado Wilson Filho (Partido Trabalhista Brasileiro/ PTB). A proposta expõe o ensino integral de 1.400h dispostos em 200 dias letivos e a organização dos currículos por áreas de conhecimento. 

Aliás, o ano de 2013 foi um importante combustível para as definições das políticas educacionais em nosso país. Neste ano, aconteceram as jornadas de junho, que sinalizaram uma desfragmentação do Partido dos Trabalhadores (PT), que se mantinha há mais de três mandatos no poder, e a entrada de novas demandas reivindicatórias (TATAGIBA; GALVÃO, 2019). Os protestos que se iniciaram contrários ao aumento da tarifa do transporte público na cidade de São Paulo, logo se estenderam para as áreas da educação e saúde. Pari passu, uma crise mundial de ordem econômica se alastrava e se deparava com os gastos com a Copa das Confederações no país. Portanto, não é exagero afirmar que as manifestações naquele momento representaram um descompasso entre os interesses de diversos setores da sociedade.

Para além dos direitos sociais, as mobilizações e os protestos criaram oportunidade para uma agenda de reformas pró-mercado e para rupturas entre alianças governantes. As conciliações não tão firmemente pactuadas culminaram no impeachment da presidenta Dilma Rousseff, seguido de uma série de medidas provisórias no governo de Michel Temer. Durante seu mandato, foram editadas 144 Medidas Provisórias (MPs), sendo 52 MPs já em 2016, seu primeiro ano de mandato (ALCÂNTARA, 2020).

Dentre as controversas medidas provisórias, estava a MP 746/ 2016, que versava sobre a reforma do Ensino Médio. O texto da MP mantinha muita similaridade ao texto do projeto de lei apresentado em 2013, instituindo a reforma do Ensino Médio por meio de uma formação escolar conduzida por itinerários. Essa discussão foi possível com a aprovação da Emenda Constitucional n. 95, que congelava os gastos sociais por vinte anos. Ora, se a discussão por todo esse tempo permeava o investimento público nas escolas, ao coibir os recursos, torna-se patente o investimento privado para a manutenção das políticas públicas educacionais. Isso posto, os interessados a serem ouvidos foram e continuavam sendo os grandes investidores privados.



A discussão em torno da MP foi marcada por oito audiências, que aconteceram durante o mês de novembro de 2016, contabilizando um total de 57 participantes. Debate considerado enxuto demais para o alcance da proposta. Dentre os nomes importantes e conhecidos estavam os dos ex-ministros da educação Fernando Haddad, Renato Janine e Aloizio Mercadante; dos intelectuais Mário Cortella, Leandro Karnal e Marilena Chauí; e de representantes de associações como a União Nacional dos Estudantes (Une), a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e a Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes). Também estavam representantes das empresas Natura, Fundação Lemann, Unibanco e do Movimento Todos Pela Educação, sendo este último o único que proferiu duas vezes seus interesses nas audiências públicas da MP. Cabe ressaltar que os mantenedores do Movimento Todos pela Educação são empresas como a Gerdau, Bradesco, Itaú Social, Unibanco, Fundação Lemann, Suzano Papel e Celulose, Empresa aérea GOL, Instituto Natura, Instituto Península, Organizações Globo, Instituto Ayrton Senna (IAS), Instituto Colabora Educação, Editora Saraiva e editora Abril (SÉGALA, 2018, p. 7).

Mas o conteúdo das audiências não evidencia grandes mudanças de posicionamentos. O teor das falas dos representantes empresariais durante as audiências públicas, por exemplo, já constava no documento publicado em 2010 e intitulado “A Transformação da Qualidade da Educação Básica Pública no Brasil'' (COSTA, 2022). O documento havia sido organizado com base no evento “Propostas Transformadoras para a Melhoria da Qualidade da Educação Básica”, promovido pelas entidades interessadas (COSTA, 2022; FREITAS, 2018). No documento, há seis ações para a condução da melhoria na educação, sendo a primeira a proposta de uma reestruturação na formação e na carreira do magistério, seguida da reforma do Ensino Médio e do reforço nas políticas de investimento.

Esses poucos fatores explicitados neste ensaio refletem como a reforma do Ensino Médio, que de início previu uma discussão sobre a ampliação do acesso ao ensino público, foi se esvaziando ao longo do tempo em detrimento de a) uma interferência incisiva na atuação dos professores (ALCÂNTARA, 2020) e b) na formação de mão de obra especializada para atuação no mercado de trabalho (FREITAS, 2018). Ou seja, pouco (ou quase nada) da reforma do Ensino Médio proposta se debruçou na discussão sobre a qualidade do ensino nas escolas públicas.

No dia 4 de abril de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a suspensão da implementação da política de reforma do Ensino Médio por tempo determinado de 60 dias. Tal medida ocorreu por conta de um movimento oriundo da sociedade que pressionou os dirigentes. Contudo, o atual governo também possui em sua base setores empresariais que disputam as pautas das políticas públicas no Brasil, sendo a área da educação a grande menina dos olhos.

A presença ativa de empresários no Congresso Nacional não é novidade desse governo (TROIANO, 2016). A participação empresarial pode ser detectada com centralidade desde a gestão do governo de Fernando Henrique Cardoso, a partir da implementação das parcerias público-privadas e da relação estabelecida com o Banco Mundial. Assume-se, neste momento, um modelo de reforma gerencial para a educação, com a máxima de que o Estado é incompetente, não opera os recursos públicos de forma adequada e, portanto, é necessário diminuir sua interferência.

De acordo com Leher, “a gestão eficiente do sistema educacional deve seguir os moldes empresariais, no sentido da redução dos gastos no setor. Daí a prioridade com o ensino elementar, o fluxo escolar, o currículo adequado ao mercado de trabalho e ao local.” (LEHER,1998, p. 211 apud SEGUNDO; JIMENEZ, 2015, p. 50). É nessa perspectiva que o modelo de reforma gerencial do Banco Mundial se encontra com o modelo empresarial na temática educacional.

Assim, foi nesse cenário que as políticas para a educação após os anos de 1990 passaram a ser implementadas, tendo como base as diretrizes do empresariado brasileiro, mas também do Banco Mundial. São os empresários interessados que começam a desenhar as políticas públicas, que passam a discutir sobre o currículo, a gestão escolar, a lógica da eficiência e da eficácia sob a ótica da racionalidade neoliberal.

Se no debate da filosofia clássica, ou mesmo marxista, a questão da educação é atrelada a um entendimento da constituição de um homem omnilateral, com a racionalidade proposta pelo mercado, o que se cria na contemporaneidade é um homem direcionado para o mercado, um homem-empresa ou, ainda, um homem-empreendedor. A perversidade disso está no fato de que grupos e partidos considerados até então progressistas têm permitido ecoar a racionalidade do mercado em suas políticas, gerando, inclusive, mal-estar e instabilidade em suas próprias composições.

Não nos cabe aqui analisar se isso tem acontecido dentro do Partido dos Trabalhadores ou de algum grupo específico, mas atentar o leitor que a reforma do Ensino Médio foi apenas suspensa e deverá ser debatida. Com isso, ainda temos que considerar que um dos principais players interessados em levar a diante a discussão – o Ministério da Educação (MEC) - tem mantido o espaço institucional de diversos segmentos do empresariado em sua estrutura, garantindo apoio e poder decisório considerados superiores ao estabelecido para outras categorias.

Não se distancia desse debate nem mesmo o modelo de educação considerado bem-sucedido e implementado no Ceará. O projeto de educação que marca o estado do Ceará é um projeto pioneiro iniciado na cidade de Sobral sob as gestões dos irmãos Gomes. Foi a partir do governo estadual que o projeto ganhou capilaridade nos 184 municípios. Uma das formuladoras da ampliação dessa política é a atual secretária-executiva do MEC, Izolda Cela. Ela é uma das canalizadoras de parcerias nacionais e internacionais com o setor empresarial, tornando possível o modelo cearense exemplar, com a instalação, por exemplo, de salas do Google nas escolas públicas do estado (Notícias, 2021). 

Nota-se que a grande disputa entre os atores públicos e privados não tem como pauta a qualidade do ensino e, consequentemente, a preocupação com a implantação de tecnologias e interações digitais, por exemplo. O grande jogo acontece em torno da interferência para modelar o currículo e, por isso, a reforma do Ensino Médio acontece de modo tão apressado. Afinal, não é de interesse dos empresários a discussão sobre a questão salarial dos professores, a carga horária de trabalho, a infraestrutura das escolas da periferia e, muito menos, a violência que adentra os ambientes escolares. Todas essas questões que ultrapassam a estruturação do currículo são jogadas no colo do Estado e é dele que se cobra por isso. 

Como um efeito cascata, enquanto os empresários passam a operar em redes de política frente a um projeto neoliberal em curso (MARTINS, 2019 apud FREITAS, 2021), as lutas sociais pela educação se enfraquecem. A conclusão disso tudo é uma instrução que atende ao mercado em detrimento de uma formação crítica, reflexiva e cidadã. A farsa do mercado, que apoia a educação visando atender seus interesses específicos, anuncia a tragédia do Estado, que recai em quem mais precisa: o povo brasileiro. 

Referências bibliográficas:

ALCANTARA, João Vinicius Pinheiro de. Análise sobre o sucesso e preponderância das medidas provisórias editadas durante o governo Michel Temer (2016-2018). Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Rio Grande do Norte, 2020. Disponível em: <https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/41579/1/AnaliseSucessoPreponderancia_Alcantara_2020.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2023.

 BAUMGARTNER, Frank; JONES, Bryan. Agendas and instability in American politics. University of Chicago Press. Chicago, 1993.

BRASIL. Lei nº 11.494/2007. Regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, de que trata o ISSN: 2236-5907. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei nº 10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de 9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília-DF, 20 jun. 2007. Disponível em: <http://planodecarreira.mec.gov.br/images/pdf/lei_11494_20062007.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2023.

COSTA , Lucas. Análise Comparada aas Estratégias Organizativas dos lobbies no Processo Constituinte De 1987-88. Lua Nova: Revista de Cultura e Política [online]. n. 112, pp. 283-316, 2021. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0102-283316/112>. Acesso em: 8 abr. 2023.

COSTA, Thamires Aragão Oliveira. A Participação dos Empresários no Novo Ensino Médio. Dissertação de Mestrado. Universidade de Brasília, Brasília, 2022. Disponível em: <https://bdm.unb.br/bitstream/10483/31464/1/2022_ThamiresAragaoOliveiraCosta_tcc.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2023.

FREITAS, Luiz Carlos de. A reforma empresarial da educação: nova direita,
velhas ideias. 1ª Edição. São Paulo: Expressão Popular, 2018. 

FREITAS, Sara da Silva. A pedagogia da hegemonia: empresariado e a educação. Germinal: marxismo e educação em debate, v. 13, n. 2, p. 712–734, 2021. DOI: 10.9771/gmed.v13i2.43863. Disponível em: <https://periodicos.ufba.br/index.php/revistagerminal/article/view/43863>. Acesso em: 16 abr. 2023.

LEHER, Roberto. Da ideologia do desenvolvimento à ideologia da globalização: a educação como estratégia do Banco Mundial para alívio da pobreza. 1998. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998. Disponível em: <https://repositorio.usp.br/item/00097486>.  Acesso em: 9 abr. 2023.

PERTUZATTI, Ieda; DICKMANN, Ivo. Alfabetização e letramento nas políticas públicas: convergências e divergências com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Ensaio: aval. pol. públ. Educ. vol. 27, n. 105, pp. 777-795, 2019. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ensaio/a/GGNmqXFDsbhqb565F5Vbmxc/abstract/?lang=pt>. Acesso em: 16 abr. 2023. 

PILATTI, Adriano. A Constituinte de 1987-1988: progressistas, conservadores, ordem econômica e regras do jogo. Rio de Janeiro: Lumen Juris/Ed. PUC-RJ, 2008.

SÉGALA, Karen de Fátima. A Atuação do Movimento “Todos Pela Educação”  na Educação Básica Brasileira: do Empresariamento ao Controle Ideológico. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2018. Disponível em: <https://www.locus.ufv.br/bitstream/123456789/24422/1/texto%20completo.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2023.

SOBRAL ganhará o segundo laboratório do Google for Education. Secretaria de Educação – Prefeitura de Sobral, Sobral, 17 de dezembro de 2021. Disponível em: <https://educacao.sobral.ce.gov.br/noticias/principais/sobral-ganhara-segundo-laboratorio-google-for-education>. Acesso em: 16 abr. 2023.

TATAGIBA, Luciana; GALVÃO, Andreia. Os protestos no Brasil em tempos de crise (2011-2016). Opinião Pública [online]. v. 25, n. 1, pp. 63-96, 2019. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1807-0191201925163>. Acesso em: 3 fev. 2023.

TROIANO, Mariele. Os empresários no Congresso: a legitimação de interesses via audiências públicas. 2016. Tese (Doutorado em Ciência Política) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2016. Disponível em: <https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/8599>. Acesso em 16 abr. 2023.

 


[1] Professora adjunta no Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisadora associada ao Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (CEDEC).

[2] Professora adjunta da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).